domingo, 1 de maio de 2022

Aprendizagem e existência

Eudes Alencar

 

A escola poderia ser um lugar festivo. Encontramos nela um espaço em que vários personagens interagem, sendo eles o professor, o aluno e a família. A escola é o universo das relações interpessoais. Nessa universalidade o professor é a autoridade em relações humanas, isto é, o especialista em pessoas, educador da inteligência intrapessoal e interpessoal preconizada por Howard Gardner, o cientista das inteligências múltiplas. Nesse propósito, seguimos a ideia do professor como um ser existente para dar sentido ao aprender de cada singularidade presente em sala de aula. Objetivo esse defendido por Henri Wallon, o teórico desenvolvimentista da educação integral

Nesse sentido, dentre as várias definições do que é aprender destacamos a aprendizagem do existir humano. Aprendizagem é enfrentar a separação do que se era (noção do existir), do que se sabia (noção da cognição) e do que se havia aprendido (noção da mudança). Assim, a existência é um horizonte de conquistas que exige desapego e a compreensão de que nada é permanente. Desse modo, diante das possibilidades o poder de sermos está nas escolhas que fazemos e por consequência daquilo que deixamos de optar.

 Em educação existe a premissa de que para fazermos parte da solução, é preciso aceitar fazer parte do problema. Dito de outro modo, na Psicologia da Gestalt: “o todo é diferente da soma das partes”. Sabedores que em cada parte também existe o todo.

           Existencialmente, a vida torna-se existência quando o ser vivido toma consciência, no presente, de sua experiência de ser-no-mundo. Por isso, a felicidade está sempre vinculada a aquilo que nos falta. A experiência de ser feliz não é uma conquista, e sim, uma busca perene. E sobre a falta ela sempre estará presente pelo fato de sermos seres finitos e isso já nos remete a ideia de que não temos tempo para fazer tudo. O sentido da vida é a experiência que temos no nosso modo de existir e daí surge o significado do viver, que nos mostra a direção como uma bússola de existência. Desse modo, a espera é diferente da esperança. A esperança é uma ação para algo se tornar uma realidade, em sentido contrário, esperar é a incerteza do que se quer. Por consequência, para a esperança começar a espera precisa terminar. Dentro disso, é necessário saber se vivemos condizente com a esperança ou estagnados na espera. Por isso, muitos podem viver uma existência sem esperança. A vida é experienciar aquilo que vivemos no presente e não buscar, no futuro, aquilo que ainda não sabemos se será presente um dia. A vida é o aqui-e-agora, o tempo presente no real e não um ensaio de algo que não existe. Ou seja, o presente é a única coisa que temos por isso nem o perdemos e nem seremos por ele abandonados. 

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