sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

LOGOTERAPIA: Terapia Centrada no Sentido da Vida

 Eudes Alencar


A Logoterapia enquanto aplicação prática é uma modalidade de Psicoterapia existencial que trabalha a cura por meio do sentido da vida. É um sistema teórico e prático de psicologia, criado pelo psiquiatra Vienense Viktor Emil Frankl (1905-1997). Inclusive, é conhecida como terceira Escola Vienense de Psicoterapia, sendo a Psicanálise Freudiana, a primeira, e a Psicologia Individual de Adler, a segunda. Os pressupostos filosóficos dessa vertente teórica a posiciona como uma linha existencial-humanística e busca, a partir de sua antropologia, superar o psicologismo reducionista de outras linhas teóricas, tal como, a psicanálise e o behaviorismo

Para a logoterapia, a busca de sentido na vida é a principal força motivadora no ser humano. Por isso, é considerada e desenhada como terapia centrada no sentido. Assim sendo, vê a pessoa como um ser orientado para o sentido. Seu criador, não pretendeu suplantar as psicoterapias vigentes, mas complementá-la e completar também o conceito de ser humano. Sua ontologia é baseada na concepção de sujeito em quatro dimensões bio-psico-sócio-espiritual. Viktor Emil Frankl (1905-1997), construiu as bases dessa teoria com base na afirmação do seu experimentum crucis nos campos de concentração nazistas.

No campo de concentração Frankl percebeu que o ser humano é capaz de suportar os mais intensos sofrimentos, quando tem um sentido para a sua vida, uma tarefa cobrando realização, uma missão intransferível que precisa ser concluída e realizada. Em seus escritos encontramos a expressão do filósofo Nietzsche quando afirma: "Quem tem um 'para que viver', quase sempre encontra um 'como' viver".  Assim, não é à procura de um, mas a procura do sentido da vida. Esse sentido não é inventado, ele já existe; a vida já tem um sentido desde o momento em que somos atirados no mundo. Nossa tarefa é encontrá-lo. Segundo a Logoterapia, o sentido vital é uma direção que o ser humano se impõe, pela responsabilidade para com a vida, e brota da liberdade. Acredita na liberdade de forma incondicional, pois acha que ela é a expressão do que há de mais humano na pessoa.

Os pressupostos básicos (mais importantes) da Logoterapia são: a crença na liberdade humana; a crença na dimensão noética ou espiritual; a crença de que a pessoa é chamada a vida para ser responsável muito mais para dar de si do que para tirar da vida qualquer coisa. Destacando a dimensão espiritual declara que a pessoa tem um “Deus” uma religiosidade inconsciente. Todavia, essa perspectiva noética pode estar como uma presença reprimida, ignorada, oculta, mas pulsante no íntimo de cada pessoa. Porém, na angústia intensa da existência aparece uma fé, uma esperança no futuro que brota o sentido emergindo a espiritualidade inerente a condição humana. Por esse motivo, o Deus oculto não é um deus mágico. Mas, uma energia que aparece depois que todas as outras sumiram. Assim dizendo, como um alento que estava escondido. Em outras palavras, esse é o motivo de esperança para o profissional de saúde, de modo igual, com o logoterapeuta.

Considerando os pressupostos epistemológicos essa teoria assegura que a dimensão noética não é atingida por nenhuma patologia: é incorruptível. Confirma que por mais grave que seja a doença existe sempre uma saúde que poderá emergir até inexplicavelmente.

A finitude da vida faz do ser humano um ser responsável. Por isso, a logoterapia tem sua raiz na crença incondicional na pessoa. Ainda que um paciente esteja gravemente enfermo em meio a confusão, delírios ou alucinações podemos encontrar lampejos desta porção lúcida, viva e sadia da pessoa, chamada de espiritualidade.

Este sistema teórico autodenomina de neuroses noógenas os conflitos morais e não enfermidades mentais. Esta é a lacuna que tende a ser coberta pela Logoterapia quando comparada com as demais teorias psicológicas. Uma das afirmações mais lúcidas de Frankl foi quando declarou que sua teoria veio atender as necessidades de um tempo não sabendo se no futuro atenderia as novas demandas sociais. Consideramos que tal declaração reafirma a necessidade de atualizarmos os conceitos dessa abordagem trazendo novas contribuições para o mundo atual com suas carências e emergências.

 

REFERÊNCIAS

 

FRANKL, V. E. Psicoterapia e sentido da vida: fundamentos da logoterapia e análise existencial. São Paulo, Quadrante, 1989

____________O homem em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 2010

GOMES, J.C.V. A prática da psicoterapia existencial: logoterapia. Petrópolis, Vozes, 1988.

____________.Logoterapia: a psicoterapia existencial humanista de Viktor Emil Frankl. São Paulo, Loyola, 1992.

 

Amo você e o que nos conduz.

O amor real tem os pés no chão, fica embaixo. Quanto mais preso ao chão ele estiver, mais profundo será sua força. Vemos o parceiro como ele é, sem o desejo de que, de alguma maneira, seja diferente. Aceitamos sua riqueza e suas limitações. Esse é o início da felicidade. Em vez de "amo você", a declaração passa a ser: "Amo você e o que nos conduz". Desse modo, os parceiros são levados a outra extensão e a outra profundidade, já não olham apenas para si próprios e seus desejos, mas para algo que os supera. Isso ocorre mesmo quando ainda não são capazes de compreender o que essa frase exige deles em especial, o que ela lhes dá nem qual destino caberá posteriormente a cada um e aos dois juntos.


Bert Hellinger em seu livro, "meu trabalho. Minha vida"

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