domingo, 30 de abril de 2017

CONCEPÇÃO DE CRIANÇA EM GESTALT-TERAPIA: DIÁLOGOS COM A SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA

CONCEPÇÃO DE CRIANÇA EM GESTALT-TERAPIA: DIÁLOGOS COM A SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA

Eudes Alencar[1]
Rosângela Francischini[2]


Resumo:
O presente trabalho tem como propósito discutir e estabelecer diálogos acerca da concepção de criança em Gestalt-terapia e suas aproximações possíveis com a Sociologia da Infância. Em função disso, realizaremos algumas considerações sobre: os pressupostos históricos dessa abordagem e o significado da palavra Gestalt; as influências da filosofia fenomenológica, do existencialismo dialógico e da teoria de campo nessa vertente psicológica; os pressupostos epistemológicos construídos a partir da interação (contato-experiencia) do sujeito com o contexto, destacando os conceitos centrais da abordagem gestáltica. Discutiremos a concepção de sujeito/criança em Gestalt-terapia estabelecendo um diálogo com alguns pressupostos da Sociologia da Infância.
Palavras-chave: concepção de criança; sociologia da infância; gestalt-terapia.

Gestalt-terapia: pressupostos históricos, filosóficos e epistemológicos

A Gestalt-terapia configura-se como uma abordagem psicológica construída filosoficamente a partir de pressupostos existenciais e fenomenológicos, fundada oficialmente por Friederich Salomon Perls (1893 - 1970), mais conhecido como Fritz Perls, e Laura Perls (1905 - 1990), em torno dos anos 40 (Ginger e Ginger,1995, Yontef, 1998). Alguns autores, consideram o nascimento e o batismo oficial da Gestalt-terapia datada no ano 1951, em Nova York, por ocasião do lançamento do livro Gestalt-Theraphy[3]. Portanto, podemos afirmar que essa vertente emergiu, oficialmente, no contexto da sociedade americana (Ginger e Ginger,1995). No entanto, por serem seus principais representantes de origem alemã, os antecedentes históricos dessa abordagem são europeus.
Iniciamos por tentar compreender o significado da palavra Gestalt. Este termo, alemão, por não apresentar um significado equivalente em outras línguas, é utilizado em publicações científicas com a tradução “forma” ou equivalentes. Nessa direção, Ginger e Ginger (1995) afirmam: “Gestalten significa ‘dar forma, dar uma estrutura significante’.”  Esse mesmo autor continua: “Na realidade, mais do que Gestalt, exato seria dizer Gestaltung, palavra que indica uma ação prevista, em curso ou acabada, que implica um processo de dar forma, uma ‘formação’” (p.13). Portanto, essa palavra revela e focaliza mais o processo do que uma estrutura de conformação.
Como assinalamos anteriormente, a abordagem gestáltica está ancorada filosoficamente na fenomenologia[4] (Edmund Husserl, Merleau-Ponty, Martin Heidegger) e no existencialismo dialógico[5] (Martin Buber), sendo também fundamentada na teoria de campo[6] (Kurt Lewin). Nesse sentido, Yontef (1998) entende que a Gestalt-terapia é definida por três princípios fundamentais: O primeiro, enquanto perspectiva fenomenológica, refere-se à awareness[7] (consciência), como único objetivo e metodologia dessa abordagem psicológica; o segundo, refere-se a sua fundamentação teórica, sendo uma terapia baseada no existencialismo dialógico, qual seja, o processo relacional de contato do sujeito com o outro; o terceiro e último, refere-se ao seu fundamento conceitual, isto é, alicerça-se numa concepção holística[8] e na teoria de campo. Em vista disso, Lizias (2010) afirma que esses três princípios formam o alicerce epistemológico da Gestalt-terapia, razão pela qual a prática gestáltica precisa estar articulada e ancorada congruentemente nos pressupostos e componentes de seu arcabouço teórico e filosófico. Desse modo, ao referir-se a Friederich Perls, principal representante da abordagem gestáltica, este mesmo autor atesta:
se não fosse a genialidade de Perls, seu talento profético e sua visão de mundo ao colocar a Gestalt-terapia num paradigma holístico e dialético, estaríamos sendo consumidos por uma concepção de conhecimento da relação sujeito-objeto (condição fundamental de qualquer epistemologia) cristalizada por uma teoria obsoleta que não daria conta de umas práxis terapeuta da atualidade (p.51)
Nesse mesmo percurso, Robine (2006) afirma que “a gestalt-terapia é um sistema teórico e metodológico composto, que se originou da psicanálise, da psicologia da Gestalt e da fenomenologia, e aliás, de algumas de suas extensões, do lado dos existencialismos” (p.21). Para este autor, essas diferentes perspectivas teóricas constituem a herança da Gestalt-terapia e, de maneira integrada, contribuíram para o surgimento de uma nova configuração teórica.
Ainda em relação às bases filosóficas, epistemológicas e teóricas da Gestalt-terapia, Lizias (2010) argumenta que é possível perceber no cenário nacional e internacional da abordagem gestáltica, uma diversidade de elementos conceituais que podem suscitar diferentes práticas clínicas. Estas diversas linhas do pensar e do fazer gestalt-terapia, como já mencionamos, estão sustentadas por distintas teorias de conhecimento e determinados sistemas filosóficos. Desse modo, justificamos a necessidade de uma reflexão por parte dos gestalt-terapeutas em relação às bases teóricas que sustentam suas práticas clínicas. Essa é uma discussão que se mostra muito ampla, e que, dadas as dimensões deste estudo, não será possível aborda-la. Assim, seguindo os propósitos deste artigo, gostaríamos de realizar algumas reflexões sobre a concepção de sujeito/criança em gestalt-terapia.

Concepção de sujeito/criança na Gestalt-terapia – aproximações com a Sociologia da Infância
Antes de introduzirmos o estudo sobre a concepção de criança em Gestalt-Terapia, é preciso tecermos algumas considerações sobre a abrangência dos estudos acerca do sujeito gestáltico e sua relação com o meio. Em um primeiro plano de reflexão, Perls, Hefferline, e Goodman (1951/1997) afirmam: “Em toda e qualquer investigação biológica, psicológica ou sociológica temos de partir da interação entre organismo e seu ambiente” (p.42). Nessa mesma direção, Robine (2006) explicita que a concepção de sujeito em Gestalt-terapia leva em conta o pressuposto de que os fatores biológicos, fisiológicos e socioculturais são elementos constituintes do ser humano. Isto posto, o indivíduo pertencente à espécie humana procede de fatores biológicos; todavia, não é reduzido a essa natureza, sendo, também, constituído em sua condição social, a partir das relações dinâmicas com outrem nos diversos contextos nos quais encontra-se inserido. A respeito da relação dialética entre pessoa-meio, Perls (1988) explicita:
O meio não cria o indivíduo, nem este cria o meio. Cada um é o que é, com suas características individuais, devido a seu relacionamento com o outro e o todo (. . .) ninguém é auto-suficiente; o indivíduo só pode existir num campo circundante. É, inevitavelmente, a cada momento, uma parte de algum campo[9]. Seu comportamento é uma função do campo total, que inclui a ambos: ele e seu meio”. O tipo de relação homem/meio determina o comportamento humano (. . .) com esta nova perspectiva, organismo e meio se mantêm numa relação de reciprocidade. Um não é a vítima do outro. Seu relacionamento é, realmente, o de opostos dialéticos. Para satisfazer suas necessidades, o organismo tem que achar os suplementos necessários no meio” (pp.31-32)
Em relação a essa citação, Perls ressalta o caráter singular da constituição do sujeito gestáltico que interage, em sua totalidade, com o campo em toda sua plenitude física e social. Portanto, esta interação é dinâmica e nutritiva, atendendo as necessidades organísmicas da pessoa, considerando as peculiaridades de sua constituição. Perls et al., (1951/1997) explicita que “não tem sentido, por conseguinte, tentar lidar com qualquer comportamento psicológico fora de seu contexto sociocultural, biológico e físico” (p.46).
Nesse mesmo ponto de vista Ribeiro (2009) nos convida a conceber o comportamento do sujeito gestáltico como resultante de uma relação mutuamente interdependente entre pessoa e meio. Assim sendo, para esse autor, no estabelecimento da relação dialética pessoa/meio “nada fica excluído. Tudo fica incluído e tudo se relaciona com o tudo neste universo existencial, experiencial e experimental” (p.68); portanto, os fatores psicológicos e não-psicológicos do contexto são os determinantes que configuram a singularidade do tipo de relação que o sujeito estabelecerá com o meio.
De acordo com Aguiar (2014), a Gestalt-terapia concebe o sujeito como uma unidade: holística, relacional, contextualizada, portanto, constituído e construído a partir de uma realidade sendo atravessado por todos os elementos presentes no campo contextual e que dinamicamente afetam sua relação intrapessoal e interpessoal.  Esta mesma autora continua: “Assim, quando falamos de relação em Gestalt-terapia, referimo-nos a uma interação constante, na qual o ser humano é transformado, construído e constituído pelo meio, mas também influencia, modifica e transforma esse meio, deixando a sua ‘marca’ e tornando-o assimilável e provido de significado” (p.31-32). Ainda sobre a relação sujeito/meio, Ribeiro (2009) nos apresenta o conceito de Espaço Vital, como “a totalidade dos fatos ou eventos possíveis, coexistentes e mutuamente interdependentes, os quais determinam o comportamento de um indivíduo em dado momento, sendo eles partes constituintes da realidade e não apenas partes ou um conjunto aditivo, podendo ser expressos matematicamente” (p.68). À vista disso, o espaço vital é dinâmico, estabelecendo inter-relações entre todos os fatores e eventos envolvidos num dado momento acerca da relação do sujeito com o meio. Sendo assim, esse autor compreende que, para a Gestalt-terapia, a realidade da criança, principalmente das pequenas, é em relação ao adulto, essencialmente mais o presente, e menos o passado e o futuro, seu mundo espaço-temporal expressa-se no seu corpo e na forma como sente e experimenta a realidade. Por isso, as crianças são seres, presentificados, inteiros, com toda a riqueza relacional, espontâneas e transparentes, interagindo com o mundo numa dinâmica, integrada, entre suas emoções, cognições, motricidade, percepções e sentidos.

Em relação às discussões e reflexões sobre a concepção de criança em Gestalt-terapia é importante mencionarmos que ainda são poucos os estudos sistematizados dentro de uma perspectiva gestáltica, com crianças (Aguiar, 2014). Um segundo ponto a destacar é que o modo pelo qual a Gestalt-terapia concebe a criança é indissociável dos pressupostos filosóficos e epistemológicos que sustentam as bases dessa abordagem psicológica. Em vista disso, Lizias (2010) afirma: “Elementos como contato, awareness e campo organismo/meio formam o arcabouço teórico principal da Gestalt-terapia. Conjugando-os de forma coerente e em constante interface com os fundamentos de base, podemos conhecer o savoir-faire gestáltico com crianças” (p.63). De acordo com Aguiar (2014), é fundamental vincular o trabalho com crianças a uma concepção de sujeito que considere sua natureza relacional, histórica e social. Essa nova visão aproxima-se do campo da Sociologia da Infância, propondo um importante desafio teórico-metodológico: conceber as crianças como atores sociais plenos e como sujeitos de direitos, situando-as numa concepção global, integral e interdependente, sendo sua relação com o meio manifestada pela idiossincrasia de sua unicidade enquanto sujeito (Delgado e Müller, 2005).
Portanto, a metodologia e as técnicas gestálticas compartilham com a compreensão de que não existe apenas uma criança, mas tantas quantas possam emergir, a partir dos diferentes contextos nos quais vivenciam sua infância.[10] Nesse sentido, Qvortrup (2011), um dos principais teóricos da Sociologia da Infância, nos lembra que todas as sociedades têm a infância como traço constante em sua estrutura social, que diz respeito ao grupo geracional. No entanto, as diversidades culturais, sociais e históricas, as alterações a que estão sujeitas as sociedades (legislativas, políticas, econômicas, dentre outras) fazem com que as crianças, sujeitos que vivenciam essa condição de infância, o façam de formas igualmente diversificadas e em constantes modificações.  Na mesma direção, Sarmento (1997) afirma: “(...) ‘ser criança’ varia entre sociedades, culturas e comunidades, pode variar no interior da fratria de uma mesma família e varia de acordo com a estratificação social. Do mesmo modo, varia com a duração histórica e com a definição institucional da infância dominante em cada época” (p. 17). Nesse mesmo seguimento, Lizias (2010) confirma: “Outra questão que deve ser observada é que não se pode falar de criança no singular, já que existem tantos modos de ser e existir da condição infantil quanto são as estrelas no firmamento” (p.52). Em vista disso, a abordagem gestáltica situa o ser humano a partir de uma concepção integral e não fragmentada da realidade circundante. Isto é, a criança é concebida holisticamente como uma totalidade articulada às especificidades dos diferentes contextos.
Frente a essa concepção de criança, é importante ressaltar que a Gestalt-terapia não nega a normatividade desenvolvimental do ser humano, ou seja, o que há em comum no comportamento entre os sujeitos nas diversas faixas etárias.  Nessa mesma linha de discussão, Lizias (2010) explica: “O problema, no que diz respeito às crianças, é querer percebê-las como teorias de desenvolvimento que precisam ser atualizadas para que possam dar conta do sujeito-criança que emerge, cada vez mais, com novas cores e formas” (p.51) Não obstante, interessa para essa abordagem, a compreensão da idiografia acerca das regularidades comportamentais que configuram a criança como um ser único e irrepetivel. Posto isto, esta abordagem situa a criança numa concepção global, integral e interdependente, sendo sua relação com o meio manifestada pela idiossincrasia de sua unicidade enquanto sujeito. Nesse sentido, Aguiar (2014) afirma: “Assim, a criança, tal como a percebemos, é vista como um ser total ou global, o que implica considerar uma inevitável vinculação, reciprocidade e retroalimentação entre fatores emocionais, cognitivos, orgânicos, comportamentais, históricos, culturais, geográficos e espirituais” (p.29). Por conseguinte, ainda para esta autora, esses fatores caracterizam-se por serem dinâmicos, interdependentes e intimamente articulados, ou seja, não podem ser compreendidos isoladamente.
Nesse contexto de discussão, gostaríamos de realizar algumas considerações sobre ética na prática gestáltica com crianças. Para Lizias (2010) “O desafio de quem educa ou trabalha com crianças é conseguir encontrar uma postura ética ao incluir-se no mundo fenomenológico da criança e não considerar a percepção desta da mesma maneira que acontece no modo do adulto perceber o mundo” (p.54).[11] Isto é, a maneira como a criança generaliza e compreende os diversos eventos do meio circundante é diferente da forma como os adultos abstraem essas mesmas situações. As crianças não são objetos de observação do método gestáltico; ao contrário, são partícipes do seu processo de constituição enquanto sujeitos ativos e relacionais. Sendo assim, esse mesmo autor argumenta: “As crianças estão muito mais para ensinar à Gestalt-terapia a maravilha da vivência no presente transiente com sua espontaneidade e potencial criativo do que para serem pensadas como objetos de análises” (p.62). Igualmente, os “novos estudos da Infância” que têm a Sociologia da Infância como um locus representativo de discussão, vem contribuindo por posicionar as crianças como seres em constante construção, considerando as condições, as peculiaridades, enfim, as vivências que cada criança experiencia em sua infância que, em termos da Gestalt-terapia, significa conceber a criança a partir de uma visão holística de sujeito: histórico, cultural e social.
Justo por isso, as crianças são concebidas como autônomas em suas ações, em seus pensamentos, na forma como constroem conhecimento e interagem com os outros. Nesse seguimento, Ribeiro (2009) confirma: “O modo de desenvolvimento, na criança ou no adulto, apresenta sempre um processo de diferenciação e integração” (p.148) que garante, como já mencionamos, sua singularidade na forma de experienciar e experimentar os diferentes significados que se manifestam a partir de sua realidade concebida holisticamente. Diante disso, a gestalt-terapia compreende a criança como um ser relacional, ou seja, se constitui por meio da relação com o outro, sendo, portanto, um ser que se diferencia do outro, mas, inevitavelmente está ligado ao outro (Aguiar, 2014).
Nessa busca em compreender a criança enquanto um ser relacional, Yontef (1998) adverte: “A criança necessita de um relacionamento parental com um equilíbrio organismico/ecológico nutritivo. Por exemplo, a mãe deve cuidar para que as necessidades da criança sejam atendidas e para que o desenvolvimento de suas potencialidades seja facilitado. A criança necessita desse modelo carinhoso e nutritivo para se espelhar. Ela também precisa de espaço para lutar, ficar frustrada e falhar. Além disso, precisa de limites para experienciar as consequências de seu comportamento” (p.46). Consequentemente, no contexto relacional dos diversos arranjos familiares e dos diferentes tipos de famílias organizadas por distintas redes de relações é que a criança constitui-se enquanto sujeito relacional. Nas palavras do próprio Perls, (1988)
O problema real começa quando os pais interferem na maturação da criança, ou mimando-a e interrompendo suas tentativas de descobrir seus próprios pontos de apoio, ou sendo superprotetores, e destruindo sua confiança em sua habilidade de se autobastar, dentro dos limites de seu desenvolvimento. Encaram a criança como uma coisa que possuem para ser protegida ou exibida (p.84).
Em vista disso, Aguiar (2014) explicita “Assim, podemos afirmar que em Gestalt-terapia a relação é o cerne da construção da possibilidade de reconstrução do ser humano” (p.40). Dessa forma, no espaço das configurações familiares as crianças constroem estruturas cognitivas, emocionais e sociais e assim, podem imergir no mundo social com toda a riqueza de possibilidades de sua condição humana.  Para Antony (2012) “a criança é um todo, mas também é uma parte que pertence a um todo – família – que está inserida em um outro todo – a sociedade, a escola – compondo uma rede de conexões interminável” (p.25). Portanto, a família, enquanto estrutura primária da sociedade, permeada por valores, normas e diversidades culturais, cumpre sua função enquanto espaço constitutivo da criança.
Em suma, a Gestalt-terapia com crianças destaca-se como uma abordagem de base holística, enfocando o caráter dialético relacional pessoa/meio, compondo uma unidade integrada e interdependente entre os fatores biológicos, psicológicos e sociais (Antony, 2012 e Woodhead,1997). Assim sendo, para Antony (2012): “A criança é uma gestalt neuropsicomotora indissociável e original em desenvolvimento que necessita ser vista como um todo unificado, a fim de ser compreendida em seu processo singular de tornar-se sujeito e artista de sua existência” (p.27). Destarte, não há espaço para concepções individualistas, reducionistas e naturalizantes sobre a criança, concepções essas igualmente criticadas pela Sociologia da Infância, que afirma serem, as crianças, atores sociais (Prout and James, 1990), com competências para criar e modificar culturas, mesmo estando inseridas no mundo adulto (Delgado e Müller, 2005). Outrossim, as crianças para a Gestalt-terapia são um universo presente de possibilidades, artífices em seu processo de construção desenvolvimental e constituídas singularmente por suas experiências e experimentações do sabor único de viver e ser criança.


Referências

Aguiar, L. (2014). Gestalt-terapia com crianças: teoria e prática. São Paulo: Summus.

Antony, S. M. R. (2012). Gestalt-terapia: cuidando de crianças, teoria e arte. Curitiba: Juruá.

Delgado, A.C.C.; Müller, F (2005). Apresentação: “Sociologia da infância: pesquisa com crianças”. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 91, p. 351-360, maio/ago.

Francischini, R., Fernandes, N. (2016). Os desafios da pesquisa ética com crianças. Estudos de Psicologia (Campinas), Campinas, v. 33, n. 1, p. 61-69, jan./março.

Ginger, S., Ginger, A. (1995). Gestalt-terapia: uma terapia do contato (5ª ed., S. Rangel, Trad.). São Paulo: Summus. (Trabalho original publicado em 1987)

Lizias, S. (2010). Epistemologia gestáltica e a prática clínica com crianças. In: S. Antony (org). A clínica gestáltica com crianças: caminhos de crescimento (pp. 47 – 77). São Paulo: Summus.

Perls, F., Hefferline, R., e Goodman, P. (1997). Gestalt-terapia (3a ed., F. R. Ribeiro, Trad.). São Paulo: Summus. (Trabalho original publicado em 1951).

Perls, F. S. (1977). Gestalt-terapia explicada (11ª ed. G. Schlesinger, Trad.). São Paulo: Summus. (Trabalho original publicado em 1969).

Perls, F. (1988). A abordagem gestáltica e testemunha ocular (2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1973)

Prout, A. and James, A. (1990). “A New paradigma for the sociology of childhood? Provenance, promise and problems”. In A. James and A. Prout (eds). Constructing and Reconstructing Childhood. Basingstoke: Falmer Press.

Qvortrup, J. (2011). “Childhood as a Structural Form”. In J. Qvortrup, W. A. Corsaro and M-S. Honig (ed.), The Palgrave Handbook of Childhood Studies. UK.

Ribeiro, J. P. (2009). Gestalt-terapia de curta duração (7a ed.). São Paulo: Summus.

Robine, J. M. (2006). O self desdobrado: perspectiva de campo em gestalt-terapia. São Paulo: Summus.

Sarmento, M. J. e Pinto, M. (1997). As crianças e a Infância: definindo conceitos, delimitando o campo. In M. Pinto e M. J. Sarmento. (coord). As crianças – contextos e identidades. Braga, Universidade do Minho.

Woodhead, M. (1997) “Psychology and the cultural construction of children’s needs”. In A. James and A. Prout (eds). Constructing and Reconstructing Childhood. Basingstoke: Falmer Press.

Yontef, G. M. (1998). Processo, Diálogo e Awareness: ensaios em gestalt-terapia (3ª ed., E. Stern, Trad.). São Paulo: Summus. (Trabalho original publicado em 1993)





[1]  UNI-RN, Brasil, E-mail: eudesjr@gmail.com
[2] UFRN, Brasil, E-mail: rofrancischini@gmail.com
[3] Perls, F., Hefferline, R. F., and Goodman, P. (1951). Gestalt therapy: Excitement and growth in the human personality. Nova York.
[4] A fenomenologia, como filosofia, estuda o fenômeno em si, a essência, ponto final e irredutível de nossas percepções e o desvendamento do nosso objeto de procura do conhecimento. É um conhecimento a priori, uma ontologia que estuda o ser, universal ou individual, como dado para nossa consciência” (Ribeiro, 2009, p.43).
[5] Um dos principais representantes do existencialismo dialógico é Martin Buber (1878 – 1965). Sua filosofia é considerada dialética, por tratar das questões relacionadas à totalidade da existência humana.
[6] Teoria do campo, de Kurt Lewin (1890- 947) descreve a relação integrada e integradora da pessoa-campo (meio, ambiente, contexto). A noção de campo (pessoa/meio) constitui o pressuposto fundamental dessa teoria (Ribeiro, 2009).
[7] “Awareness: consciência, conhecimento, percepção, tomada de consciência, compreensão, sensação de presença, presentificação. Não existe tradução perfeita para o português, e a palavra awareness será traduzida de distintas maneiras dependendo do contexto em que se encontra” (Perls, 1977, p.30).
[8] Visão holística em Gestalt-terapia significa a integração e a unidade bio-psico-social do ser humano. Portanto, a concepção de um organismo como um sistema totalizante e interdependente em sua constituição.
[9] “O campo é um todo, no qual as partes estão em relacionamento imediato e reagem umas às outras, e nenhuma deixa de ser influenciada pelo que acontece em outro lugar do campo. O campo substitui a noção de partículas discretas, isoladas. A pessoa em seu espaço vital constitui um campo” (Yontef,1998, p.17).
[10] Categoria geracional a qual pertencem as crianças (seres concretos).
[11] Em relação à postura ética no trabalho com crianças, convidamos o leitor a recorrer ao artigo Os desafios da pesquisa ética com crianças. (Francischini & Fernandes, 2016)

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