Se a pessoa espiritual não estiver presente atrás da barricada da psicose, embora condenada à impotência expressiva e instrumental, se, portanto, não for verdade que a pessoa espiritual ainda que vulnerável a perturbações seja imune à destruição pelo psicofísico, então não valerá a pena ser psiquiatra.
Porque se a pessoa espiritual não for poupada de todo o mal e de toda a decadência do psicofísico, se ela, pelo contrário, for afetada e afligida, em nome de quem deveríamos nós então, ser médicos?
Ser psiquiatra só vale a pena enquanto o podemos ser, não "para"o organismo psicofísico, mas em função da pessoa espiritual, a qual, por assim dizer, espera ser libertada por nós do "handicap"psicofísico.
Agora devo, porém, pronunciar ainda o meu segundo CREDO: se não houver o antagonismo noopsíquico facultativo, se não houver, por conseguinte, uma possibilidade de a pessoa espiritual poder se opor à psicose como doença psicofísica, nunca estaremos em condições de proceder a uma psicoterapia (ou mesmo uma Logoterapia) nas psicoses; só enquanto pudermos contar com aquele antagonismo facultativo, só então, podemos também contar com o êxito. Em outras palavras: fundamentalmente, só se o primeiro Credo for verdadeiro, vale a pena ser psiquiatra, e só se o segundo Credo for verdadeiro, estou em condições de ser psiquiatra.
A pessoa espiritual situa-se, essencialmente, além de toda morbidez e mortalidade psicofísicas, se assim não fosse, eu não desejaria ser psiquiatra: não teria sentido. E a pessoa espiritual é, essencialmente, aquela que pode opor-se a toda morbidez psicofísica, e se assim não fosse, eu não poderia ser psiquiatra, por conseguinte, não teria utilidade.
Fonte: A Associação de Logoterapia
Viktor Emil Frankl – ALVEF
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